Le..

Joli Rouge!

sábado, 15 de dezembro de 2012

Com Mortos


Falando com mortos
Que ainda hoje
Proferiram injurias
Sedimentando o já petrificado

Falando com mortos
Que deixaram saudades
De um não sei o que
Trazendo alguma angustia

Falando com mortos
Eu me pergunto por quê?
E no fundo eu sei
É por amor próprio
Dignidade

Tão vivos
Em carne com osso
Que pra mim se tornou espírito distante
A dor da perda
A tristeza e saudade
De um tempo que poderia vir
Mas todos sabemos
Nunca será....
Nunca será!


A loucura do mundo


Acordei no fim da tarde
Como isso é bom
Voando por todos os lados
Pássaros cantavam
O inicio da noite
O céu de um laranja enlouquecedor
Foi ficando pouco a pouco mais escuro
A primeira estrela surgiu
E eu pelado na janela
Vendo o mundo acontecer
Carros por todos os lados
E as luzes dos outdoors
Uma música tocava
Baixa, mas extasiante
E eu em minha janela
Tão completo
Cheio de vida
Se fumasse acenderia um cigarro
E se voasse...
Bateria as asas até o alto de um terraço
Esperando que o cruzeiro surgisse indicando o sul
Mas garota
Ainda não aprendi a voar
Então vou pegar minha moto
Para cruzarmos a noite em direção as estrelas
Como dois anjos imaculados, desorientados, descompensados, inebriados
Que nascidos no sétimo dia contemplam a beleza da criação
E a loucura do mundo...

domingo, 18 de novembro de 2012

Fitas


Amanhã vai ser um grande dia
Te digo já
O norte não vai estar acima
Vai ser tudo o sul
Suas mãos não vão estar sujas
Em fazer todo serviço usado
Sua camisa suada
Vai ser torcida
Lavada e passada
Vamos dançar em um salão
Até os pés doerem...
Tirarmos os sapatos...
E continuar
Até amanhecer.

Quando surgir o sol sairemos com nossas caras
Não cansadas, mas alegres
Nos perguntaremos
Porque não começamos mais cedo?
Mas logo alguém no meio da multidão vai dizer
Que já não há passado e já não vai haver
Marcaremos o primeiro
De todos os dias
Lançaremos uma pedra fundamental
Feita de tudo aquilo que não sabemos bem o que é
Mas nos mantém vivos
Vivos!

Dormindo e acordando
Como seres que existem
Então vamos todos ser
E dançar
Amarrando fitas nos postes
E já não haverá dor
Seremos compositores
Seremos artistas
Em um impulso de chegar mais alto 

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Mar verde da enseada


Ei garota
Quando um cara assim como eu
Encontra alguém
Sente saudades
E se deixa levar
Não entende onde pode chegar

Tinha feito muitos planos
E já não acreditava te encontrar
Mas sabe
Você é bem do jeito que eu imaginei
E não sei o que isso quer dizer

Quando pensei na Califórnia
Na Espanha
Em Hemingway
Olhos de praia
Mar verde da enseada
Atravessando uma rodovia
Trilhando uma estrada
Descompassada
Cabelos de idéias encaracoladas
Assim desarrumadas
Tão exatas
E você bem ali
E eu não enxergava

Ah, como tudo é tão engraçado
Se eu te disser
Que eu já não me bastava?

quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Te buscar

Meus sonhos vão te buscar
Em um dia como hoje
Uma noite como ontem
Te espero em um canto
Um lugar assim
Como esse aqui
Como aquele no futuro
Não sei bem como
Tentei forjar assim
Algo sem pensar
Não posso te tocar
Em um dia como hoje
Uma noite como ontem
Sei que vou te encontrar

quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Isso...



O que um homem  não explica
O que dois homens não explicam
O que deveríamos perguntar a uma mulher
Mas desconfio que  também elas não saibam 

Essa coisa toda
Sem explicação
Vem tomando tudo
Derrubando gigantes
Chega discreta disfarçada de um desejo
E vira...
Vira simplesmente vira
Transtorna nossas mentes em um torpor
Enlouquece homens
Mata mulheres de alegria  

Isso que tomba toda razão 
Desfaz um ídolo
Corrói um monumento
Isso que ninguém sabe ao certo o que é
Nos faz sentir imortais e tão vulneráveis...
Isso...

terça-feira, 28 de agosto de 2012

Uma nova estrela



Quando pensei ter ido ao chão
Uma estrela já tinha brilhado
Eu não percebi

Com a cara cheia de terra
Meu sangue escorreu
E  não senti dor

Quando tudo parecia sem luz
Minhas ilusões se disfacelavam
Era o último dos homens
Pulsando frio
Não era raiva
Não era nada
Um completo nada

Quando tudo parecia não ter sentido
Por um segundo
Exitei uma mudança
Quase cai na fraqueza
Encarando o  mundo dos homens

Mas eu sabia
Lá no fundo
Um filho seu nunca é abandonado
E por mais que tentasse entrar na lógica
Que há muito já havia deixado
Por mais que tentasse
No fundo eu sabia
Não era felicidade
Era qualquer outra coisa

No outro dia
Dormi o quanto pude
Acordei
No despertar sabia
Era eu e não ia mudar

Fui à casa de meu pai
Como que para escutar
Renovei meus votos

De novo o mundo se abriu
Estrelas brilharam em um céu escuro
Era tudo
Testar minha fé
Me mostrar uma verdade
Fazer com que largasse uma ilusão torpe

E voltei
Voltei melhor que antes!

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Não estive lá


Não estive lá

Fui longe

Não falo em culpa

Tão pouco em dor

Tentei

Procurei

Me esforcei

Mas meu silencio

Se mostrou em palavras desconcertadas

Falei muito, quase fiz promessas

Mas nunca estive ali

Meus ombros não carregaram esse peso

 

Tão longe

Não há quem eu possa enganar

Meus olhos gritam

E cada dia

Cada gesto

Você sempre soube

Nunca estive pronto

Há tempos que não pertenço a lugar algum

 

Vou na metáfora do barco

Minha casa é o oceano

Que existe em massa mas ninguém pode pegar

Que todos veem, mas não sabem onde termina

O oceano

Que a nós é dado conhecer apenas sua superfície

Navego pelas superfícies

E o que existe pra dentro nunca ninguém vai saber

Talvez até um dia alguém tenha chegado perto

Mas abraçou Iemanjá virou uma lenda e foi para o fundo do mar.

domingo, 26 de agosto de 2012

Levanto as velas


E amanhã

Levanto as velas

Mais uma vez

Pra retomar

Com toda força

Aperto os pulmões

Enfrento o mar

Aprendi a passar por cima de tudo

Desde hoje

Desde ontem

Desde sempre

Não aprendi a chorar

Não aprendi a ter medo

E nem  sentir dor

Em algum lugar eu sei

Tudo isso existe

Em um buraco tampado com parafina

Mas do que importa

Se eu sempre poderei navegar

Sem olhar pra trás

Do que importa

Se o mar é infinito em tamanho

E como um rio sempre se renova

Do que importa

Eu largo tudo

Levanto as velas

Só desejo que amanhã

O vento seja melhor que hoje

A onda


A onda vem

Puxa tudo

Traz pra dentro

Até que um dia

Cospe na praia

terça-feira, 31 de julho de 2012

Mil


Preciso ser mil
Sou um
Preciso de tempo
Desperdiço cada segundo
Preciso fechar-me em casa
Visito amigos
Preciso fugir de qualquer distração
Elas não saem da minha cabeça
Não encontro o movimento perfeito
Entrego-me a ser humano
Sou o erro
Mas amanhã é um novo dia
É sempre um novo dia 

quarta-feira, 25 de julho de 2012

Nossa casa na praia

Passo as tardes tentando
Quero te telefonar
Quero pedalar
Ir longe
Pensando
Te observando
Refazendo nossa performance

Penso ser um poeta
Um pescador
Biólogo
Marinheiro
Advogado
Desenho em nuvens
Estórias diferentes a cada dia
E isso me faz vivo
Escrever um livro

O que você vai me dizer eu sei
Pra eu ficar tranqüilo mais um dia
Me acalma minha alma
Mas você sabe
E eu e você sabemos
Do que espera
Agoniado nossa chegada
Um infinito no futuro
Certo como aquela estrela
Nossa casa na praia
Buscando baleias
Para que possamos ser tudo
Dois em um só
 

segunda-feira, 23 de julho de 2012

Dentro da baleia

Dentro da baleia azul
Mora um homem
Que se chama Jonas
Ele diz que assinou um papel
Que vai mante-ló na baleia até o fim da vida
A baleia é mais segura que um grande navio

Sá rodrix & Guarabyra

Hello, Goodbye!


Sei que não é assim
Mas não é tudo
Nada é tão absoluto
Que seja completo

Um tempo houve
Estávamos lá
Eu e você sabemos
Tocamos às mãos
Sentimos o mundo

Caminhei tranquilo
Seguro de mim
Te disse que era assim
Imcomparável instante sem fim
Te puis no meu universo
Compartilhei minha loucura

Te coloquei em meu jogo perigoso
Negociei com fantasmas
Apostei minhas fichas
Andamos  juntos
Disse que sempre estaria lá

Mas eu sai...
Parti  naquele momento
Não entendi
Nunca entendo

Mas uma vez  eu fui
Como quem sai à esquina
E não volta nunca mais
Como um livro sem páginas
Um homem sem história

Vou no ritmo
De um autista
Já quase nada me atrai a atenção
Eu aceno hello goodbye
Passo por tudo
Enfiado em neuroses

Não culpo ninguém
Tento culpar alguém
Mas no fundo eu sei...
Tento achar respostas
E paro logo..

Vou continuar assim
Passando por cima 
No Hello Goodbye
Não sei o que é
Não entendo
E a cada dia tudo me cativa menos
Na facilidade do hello goodbye
Vou consumindo pessoas como droga
Querendo sempre mais
E me esquecendo dos dias passados

Uma pequena coisa ainda conforta
O surto de fé e esperança
De achar a terra prometida
De nadar no  lago com os meus
Em um desses milagres que acontecem na vida 
Do nada, sem entendermos a lógica
Sem razão

Enquanto isso
Sem querer
Continuo no grande barco 
Do bonito vermelho 
Devorador de corações e sonhos
Hello Goodbye!

sábado, 21 de julho de 2012

Le Joli Rouge



Sou um barco
Com uma  bandeira vermelha
Sou o sangue
Que ferve e pulsa
Sou o espírito
Que atravessa o mar
Deparei-me com sereias
Monstros marinhos
E as mais incríveis baleias
Desci em diferentes portos
Vi homens falar em diferentes linguas
Vi o diabo
E um anjo do céu
Senti a plenitude do paraiso
E a angustia do inferno
Conheci mulheres
Às mais variadas
Atravessei suas vidas
Como uma lembrança
De um  sonho impossível
Aprendi a mascar a bílis
Bater com  o pulso forte
Desfazer-me de qualquer coisa
E me divertir com a tempestade
Vendo cada dia
Como um dia a mais
Como se a morte tivesse ficado para trás


Le Joli Rouge
A fera que atravessa os oceanos
E o tempo!