Você veio devagar
Rodeou as paredes
Olhou por todos os lados
Lá dentro o mato crescia
feroz
O verde se alastrava em
uma sinfonia
Rompendo barreiras
Um sussurro chegava doído
Todos tomaram outro
caminho
Deixaram que a natureza
fizesse seu trabalho
Removendo os resquícios
de um passado surdo
Mas você,
Antes de pular o muro
Passou a mão na fechadura
Que abriu leve
Sabe-se lá porque
Os espinhos tentaram te
cortar a mão
Deram muitos avisos
Fecharam em sua frente
Como uma tempestade que
tenta impedir um barco de seguir seu caminho
Mas você,
Você simplesmente os
tateou com a mão direita e os puxou para o lado
Abrindo caminho
Como quem simplesmente
abre uma cortina
Deu seus passos aos poucos
Leves como o cair da noite
Um a um
Sentou-se a beira da
janela
E pela primeira vez
Pôde enxergar o imenso
quintal que os muros escondiam
O jardim que crescia
valente intrincado com as trepadeiras
Em uma parceria necessária
Você então olhou com
olhos de dona
Muito além das vistas
Virado pra dentro em um
enlace de concerto
Apaziguou a tormenta e fez
chover uma garoa fina