Le..

Joli Rouge!

domingo, 3 de abril de 2016

O Moecano

Eu posso tocar o céu
Cumprimento as estrelas
Eu às conheço
Uma a uma
Aqui embaixo
Meus olhos brilham
E lá em cima alguma constelação
Agora incompleta
Sente a falta de seu par de faróis

Elevado na décima potência
Sou o som que invade sua casa
E te entorpece

Respiro fundo
O calafrio corre minha espinha
Na garganta sinto a saliva gelar
Só enxergo a ponta da lança
A cabeça do alvo
Sou um espírito da floresta
Um animal com coração quente

Posso tudo
Não sinto dor
Sei que não vou morrer

Não sou um ator
Eu sou a história
O protagonista
Mais real que o tempo

E eu sei...
Ahh eu sei
Essa é a ultima chance

segunda-feira, 28 de março de 2016

Garoa fina

Você veio devagar
Rodeou as paredes
Olhou por todos os lados

Lá dentro o mato crescia feroz
O verde se alastrava em uma sinfonia
Rompendo barreiras
Um sussurro chegava doído

Todos tomaram outro caminho
Deixaram que a natureza fizesse seu trabalho
Removendo os resquícios de um passado surdo

Mas você,
Antes de pular o muro
Passou a mão na fechadura
Que abriu leve
Sabe-se lá porque

Os espinhos tentaram te cortar a mão
Deram muitos avisos
Fecharam em sua frente
Como uma tempestade que tenta impedir um barco de seguir seu caminho
Mas você,
Você simplesmente os tateou com a mão direita e os puxou para o lado
Abrindo caminho
Como quem simplesmente abre uma cortina

Deu seus passos aos poucos
Leves como o cair da noite
Um a um

Sentou-se a beira da janela
E pela primeira vez
Pôde enxergar o imenso quintal que os muros escondiam
O jardim que crescia valente intrincado com as trepadeiras
Em uma parceria necessária

Você então olhou com olhos de dona
Muito além das vistas
Virado pra dentro em um enlace de concerto
Apaziguou a tormenta e fez chover uma garoa fina

It's you...

Nem sempre as palavras me vem
as vezes eu tenho dúvidas
duvido até mesmo de quem sou
duvido das paredes que me cercam
duvido dos dias passados e das estrelas no céu

mas quando te vi
eu já sabia
é você

eu cheio de coisas na mente
preocupado
acelerado
com os pés no chão
naquele dia
senti quente a respiração
e eu sabia
é você
e não há muito o que dizer

sorrindo
virou de lado o cabelo
flutuei em um espaço
sem dimensão
na roda gigante
acelerou meu pulso
foi fundo
nas entranhas
do que eu acreditava
virou meu mundo
tornou tudo tão colorido

eu já sabia
é você
eu sempre soube

sábado, 12 de março de 2016

Navalha


Não pense que não doeu
Rasguei minha própria carne
Enfiei-me fundo na convicção
Eu não podia
Meus Deus...
Eu não podia!

Queria te fazer um som
Mirando o céu
Para que o dia só amanhecesse
Quando uma a uma tivéssemos contado todas as estrelas

Ah como eu queria
Estar ali...
E não deixar aquela parte
Os frames rodaram
Os melhores anos
Eu via o mar azul
Você era o oceano inteiro
Vou agora
Mergulhar na poeira

Afiei uma navalha
E pouco a pouco
Fui apertando contra a carne
Por mais que o sangue escorresse
E quisesse parar
Continuei a imprimir forças
Como? não sei
Me cortei
Fundo...

Arranquei fora
Todo o montante de pele e sonhos
Fui até o osso
E quando me encontrei comigo mesmo
Me conhecia bem
E não sabia
Se ia aguentar
Queria por tudo
Não me conhecer!

Em nosso lugar

Encoste sua cabeça
e durma
tente não pensar em nada
ou pense em tudo
feche os olhos
deseje profundo
é o que você precisa

amanhã será um novo dia
te ofereço essa promessa
o sol nascera brilhante
você levantará
sairá da cama
e enfrentara o dia
como um peixe devolvido ao mar

venha
vamos nos encostar
respirar fundo
tentar não pensar em nada
ou pensar em tudo

venha
vamos fechar os olhos
deixar que a tormenta se aquiete
os trovões cairão lá fora
e nos dormiremos
porque amanhã
o sol nascera
aquecendo o oceano

venha
amanhã
deitaremos na areia
e sentiremos o calor tomar conta
aqueceremos nossos corações
venha
nos não podemos parar
feche os olhos
e encontraremos nosso lugar

quarta-feira, 7 de outubro de 2015

Chuva, chuva chove

Na literatura a chuva vem para limpar
Hoje choveu
Demorei para fechar as janelas
O dia mudou
Pouco a pouco um sopro de paz irradiou pelo espaço

Uma jornada acabou
Com calos nos pés e nas mãos atravessamos os mais distintos lugares
Juntos
Ombro a ombro
Companheiros nas coisas mais banais
Mas hoje...
Hoje choveu
E nossa jornada acabou
Mas a verdade e que algo sempre permanece vivo
Carregamos esse algo com carinho por todos os cantos
Mas hoje é o dia
Soltamos as mãos pra que agora essa algo voe só

E então soltaram também os fogos
O mundo nos diz
Não erramos
Fizemos o máximo
E que Deus nos abençoe


segunda-feira, 30 de junho de 2014

Humano

Falando com os pássaros ontem
Andei perguntando
Um pouco sobre isso
De estar perto dos anjos e não ser anjo
Eles riram de mim
Disseram-me que somos todos anjos
Que nada podia haver de mais celestial que um homem 
Inteiramente humano


Eles me disseram
Que esse era o sacrifício
De estarmos perdidos no mundo
Completamente sozinhos
Sem saber como começou
Que dia acaba
Torcendo pra não queremos que acabe mais cedo
Para que o fardo não se torne demasiado insuportável
Esses são os pássaros
Completamente loucos
Completamente lúcidos
Me disseram que somos todos celestiais
Em nossas músicas
Nossas canções
Nossa alegria momentânea
A despeito do medo
Da dor
Do desejo de querer transpor o medo
Para que tudo não se torne demasiadamente suportável